09 Março 2023, 02:17

Afeganistão: EUA esperam regresso de raparigas às escolas “nos próximos dias”

LUSA Autor
Agência de notícias de Portugal

Doha, 26 mar 2022 (Lusa) – Os Estados Unidos esperam que os talibãs revertam a sua decisão de excluir as raparigas das escolas afegãs “nos próximos dias”, declarou hoje o emissário norte-americano para o Afeganistão, Thomas West.


“Tenho uma esperança muito elevada em ver nos próximos dias a reversão desta decisão”, disse o responsável à margem do Fórum de Doha, capital do Qatar.


Os talibãs, no poder no Afeganistão desde agosto de 2021, anunciaram na quarta-feira que não iriam permitir que as raparigas estudem em escolas do ensino básico e secundária, poucas horas depois do arranque do primeiro dia de aulas.


A medida, que implica que as raparigas apenas possam frequentar a escola até ao final do 5. ano (equivalente ao 1.º e 2.º ciclos em Portugal), representa um incumprimento das promessas iniciais dos talibãs de permitir o estudo das raparigas.  


Em resposta, os Estados Unidos cancelaram as negociações os talibãs.


“Fiquei surpreendido pela inversão da situação na quarta-feira passada (…) Trata-se, antes de mais, de uma violação da confiança do povo afegão”, disse o West.


“A nossa política não é contra a educação das raparigas”, assegurou um porta-voz dos talibãs, Suhail Shaheen, à agência France Presse.


Explicou que “surgiram alguns problemas de ordem prática” que “não tinham sido resolvidos na data-limite prevista para a abertura das escolas de raparigas, a 23 de março”.


Os observadores internacionais temem que o movimento fundamentalista decida novamente proibir as raparigas de frequentarem a escola, como fez durante seu primeiro ‘reinado’ no Afeganistão, de 1996 a 2001.


Esta decisão junta-se a várias outras restrições que os talibãs já impuseram às mulheres nos seus sete meses de poder, como a exclusão de muitos empregos públicos, o controlo do vestuário e a proibição de viajarem sozinhas para fora da sua cidade.


A medida foi criticada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e por vários representantes de organismos internacionais, como a UNICEF, que apelaram à igualdade no acesso ao ensino.


 


AG (SIM) // PAL


Lusa/Fim

Sem comentários

deixar um comentário