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Assobias para o lado quando antecipas o looping do meu desatino, pelo Everest de roupas empilhadas, as matérias escolares atrasadas, o sono intermitente por motivo de boleias incontáveis, a montanha russa da geografia de amores e desamores que te assolam e as exigências do imperativo da vida social que procuro refrear.
És chão de amor e escrevo-te porque tenho intenção de manter vivo o cordão umbilical que nos une desde a tua gestação.
Sei que as palavras ditas tal como a memória, cedem ao tempo, modificam-se, empalidecem, perdem força e rigor. Por isso na tentativa de resistir à névoa do esquecimento, viveremos tantas vezes quantas as que lermos o que te escrevo e talvez assim iludamos a efemeridade.
Sonhei-te era ainda menina no despontar precoce do instinto e afeto maternal, mais tarde soube que não me cumpriria sem ti.
Ecoavas num lugar de dentro com voz audível e corpórea mesmo fisicamente não existindo.
Lembro-me bem da desordem natural que trouxeste aos meus dias, quando tudo o que sabia sobre bebés era teoria em livros aprendida.
Crescemos juntas e creio que os meus processos sejam mais sofridos e arrebatadores que os teus.
Assobias para o lado quando antecipas o looping do meu desatino, pelo Everest de roupas empilhadas, as matérias escolares atrasadas, o sono intermitente por motivo de boleias incontáveis, a montanha russa da geografia de amores e desamores que te assolam e as exigências do imperativo da vida social que procuro refrear.
As fadas que intervieram na tua conceção, abençoaram-te com tenacidade e ímpeto de carácter suficientes para me pores os nervos em franja e asseguro-te que começaste cedo, recordo-te que nem nas ocasiões solenes anuías aos penteados de princesa da Disney em pendant com vestidos adornados de «froufrous».
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Anos volvidos argumento até esgotar as palavras de forma a me iludir com a cortesia de acomodares um terço que seja do que te digo.
E por favor não refutes, ainda que saiba que desde que descobriste o verbo nenhuma curva apertada do léxico te fez frente na missão de trocares um redondo não por um esgotado sim.
Compreendo que na adolescência se testem limites e se desafie o tempo, precisamente por se tratar do único período da vida em que somos eternos e invencíveis, mas tanto?
Sinto-me responsável por ti desde o momento primeiro que te soube em mim e isto por si só é a maior engenharia de emoções que superintendo.
Guardo memórias de sal e água nas páginas dobradas dos dias, a ser justa, por razões maioritariamente felizes, não obstante a dureza do desafio da reciclagem que me obrigas a cada passo.
São inúmeros os ecopontos onde tenho de abandonar conceitos, estigmas e crenças, para os ver reutilizados, transformados e adaptados à liberdade de um tempo presente onde rótulos e preconceitos não têm lugar.
Não é coisa pouca este legado que me ensinas, adubo ideias na profunda convicção que devem atravessar séculos na esperança de reciclar mentalidades e corações.
Da tua verdade erguem-se castelos e se só Deus o pudesse testemunhar, do alto da vigia anunciaria a Primavera quando o vento adormece no arvoredo e o meu sentimento por ti se derrama como seiva nas entranhas da terra.
És chão de amor e tenho a mais profunda convicção que sem ti não saberia como percorrer os socalcos da vida e ainda que eduque o meu ser interior no sentido de aceitar que não tenho domínio sobre todos os acontecimentos que determinam o curso da tua existência, não quer significar que não visite amiúde o lugar da saudade de quando eras minha e não do mundo, de quando acertava mais do que errava, de quando era o teu princípio e fim.
Que nenhum percalço interfira no que tenho para te escrever, nenhum contratempo seja epíteto despovoado de sentido, nenhum revés inusitado se traduza em vida diminuída e que nem mesmo a tua natureza esculpida de Mafalda do Quino conteste as palavras que te guardo.
Não existiu momento tão redentor como o teu nascimento.
Renderam-se as mágoas, a incerteza, o medo que não chegasses e nunca desisti de ti, mesmo nos dias mais cinzentos em que temi que a tua existência fosse unicamente sonhada e jamais vivida.
Ameaçaste chegar cedo e frágil de mais e ensinaste-me que nada é mais altruísta que o amor incondicional, por ti lutei contra todas as contrariedades, venci todas as adversidades e obstáculos.
Faria tudo de novo e não te revelo isto por forma a te sentires em dívida para comigo, antes para te assegurar que somos feitas da mesma fibra.
Sei que as palavras ditas tal como a memória, cedem ao tempo, modificam-se, empalidecem, perdem força e rigor.
Neste Natal embrulho vocábulos e frases, fazendo fé que venha a ser o melhor dos teus presentes ( aquieta-te que não põem em risco os Converse pretos de sola alta…)
Em todos os Natais o meu coração descalço, assumidamente despido de filtros e proteção, porque perante ti minha primogénita de nada me escudam ou valem.
Não tivesses saído melhor que a encomenda e fosses SER que nem o sonho foi capaz de prever.