
Macau, China, 08 abr 2022 (Lusa) – O deputado de Macau José Pereira Coutinho pediu hoje ao Governo a “injeção imediata” de oito mil patacas (910 euros) no cartão de consumo eletrónico “para aliviar o sofrimento de milhares de famílias em extremas dificuldades”.
Numa intervenção antes da ordem do dia na reunião plenária da Assembleia Legislativa (AL), Pereira Coutinho destacou a situação em que vivem muitas famílias “cujos pais e mães estão desempregados e muitas estão endividadas devido à necessidade do pagamento das rendas das casas, alimentação e educação dos filhos”.
O deputado pediu ao Governo de Macau que proceda “de imediato à injeção” de oito mil patacas (910 euros) no cartão de consumo eletrónico, já a partir deste mês, para ajudar a ultrapassar “a difícil situação financeira”.
Pereira Coutinho defendeu que o território atravessa “os momentos mais difíceis desde o estabelecimento” da região administrativa especial chinesa, que se afunda “sem turistas”, tornando “mais difícil” a recuperação económica, social e familiar.
“Em meados do corrente ano, milhares de licenciados entrarão de imediato na situação de desemprego (…) porque está dificílimo encontrar um emprego em Macau”, alertou.
No início deste mês, também na AL, o Governo de Macau anunciou que ia voltar a lançar os cartões eletrónicos para incentivar o consumo interno na economia local, afetada pela pandemia de covid-19.
“O cartão de consumo eletrónico, além de assegurar a vida da população, também consegue estabilizar a procura interna, sobretudo nesta conjuntura”, disse o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, numa sessão de interpelações na Assembleia Legislativa, citado pela Rádio Macau.
“Esperamos que, com isso, o mercado consiga ter algum fluxo e, assim, consigamos garantir emprego ou até criar algum emprego”, acrescentou.
O secretário não adiantou as especificidades do plano, dizendo apenas que vão ser diferentes do ano passado.
O cartão de consumo eletrónico foi uma das primeiras medidas anunciadas pelo Governo de Macau, em 2020, para responder à crise provocada pela pandemia.
No plano do ano passado, por exemplo, os residentes receberam um subsídio de cinco mil patacas (561 euros) e um montante de três mil patacas (336 euros) em descontos imediatos, através de pagamento móvel ou de um cartão eletrónico.
Considerada uma das regiões mais seguras do mundo em relação à pandemia de covid-19, Macau contabilizou apenas 82 casos da doença desde final de janeiro de 2020.
Apesar disso, a economia de Macau, fortemente dependente dos casinos e do turismo chinês, sofreu com a forte queda no número de visitantes, com os casinos a terminarem 2021 com receitas de 86,8 mil milhões de patacas (9,5 mil milhões de euros), uma quebra de 70,3% em relação a 2019.
O jogo representa cerca de 80% das receitas do Governo e 55,5% do produto interno bruto (PIB) de Macau, numa indústria que dá trabalho a mais de 80 mil pessoas, ou seja, a 17,23% da população empregada.
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