
As farmácias venderam mais de 1,3 milhões de autotestes ao SARS-CoV-2 na última semana e ontem bateram um novo recorde realizando mais de 101 mil testes rápidos de antígeno, segundo a presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF).
Em dezembro as farmácias venderam mais de 2,7 milhões de autotestes, sendo que mais de metade foi dispensada na última semana, revelou a presidente da ANF, Ema Paulino.
Nos últimos sete dias, as farmácias venderam 1.333.817 testes rápidos, segundo um levantamento feito hoje pela ANF, que engloba as vendas entre os dias 15 e 22 de dezembro.
Ao início da tarde de hoje, antes de concluído o levantamento, a presidente da ANF apontava para uma previsão de mais de “750 mil autotestes vendidos numa semana”, que foi largamente ultrapassado.
As farmácias bateram também esta semana o recorde diário de realização de testes antigénio: mais de 101 mil testes feitos em apenas num dia, na quarta-feira.
Para muitas farmácias, os picos de procura atingiam-se às quintas e sextas-feiras, por causa da corrida aos testes de antigénio obrigatórios para conseguir entrar em estádios, bares ou discotecas.
“Na sexta-feira passada tivemos um pico de mais de 100 mil testes realizados nas farmácias. Temos tido dias acima dos 70 a 80 mil testes, sendo as quintas e as sexta-feira os dias com maior número de testes. Estamos na expectativa de ver a resposta que será dada hoje e amanhã”, contou Ema Paulino, quando ainda não estavam apurados os dados relativos ao dia de ontem.
Nos últimos dias, tornou-se difícil encontrar uma farmácia ou laboratório clínico sem fila à porta. A aproximação do dia de Natal e das reuniões familiares fez disparar a procura de testes face às novas restrições impostas no combate à pandemia de Covid-19.
O centro de testagem improvisado instalado na Praça dos Restauradores, em Lisboa, atraiu hoje centenas de pessoas. Por volta das 12h30, havia uma fila de 65 pessoas, entre os quais François Lima.
O jovem brasileiro de 26 anos explicou que vai passar o Natal com cinco amigos e decidiram que era obrigatório a apresentação de um teste: “Queremos ter um Natal seguro e achámos que valia a pena esperar numa fila”, disse.
O Natal foi também o motivo que levou Ermesenda Pardal, de 58 anos, até ao contentor montado nos Restauradores: “Este Natal vamos ser menos, seremos só três, mas vem um familiar da Suíça e decidimos que toda a gente fazia o teste antes”, disse.
Ermesenda Pardal tinha planeado realizar o seu teste no Campo Pequeno, mas ouviu “na televisão que estava cheio de gente” e optou pelos Restauradores, onde chegou por volta das 10h15. Duas horas depois, continuava a aguardar, mas referiu que “mais vale esperar agora do que ter uma surpresa depois”.
Esta semana, o Governo decidiu alterar as regras, estabelecendo que na altura do Natal e do fim de ano era obrigatório apresentar teste negativo para entrar em restaurantes ou hotéis.
Esta decisão obrigou Carlos e Tamires a realizar hoje um teste rápido. “Vamos passar o Natal à Serra da Estrela, num Hotel, e por isso precisamos dos testes”, contou Carlos Santos à Lusa.
Entre as dezenas de pessoas que aguardavam na fila dos Restauradores a Lusa encontrou vários turistas, como Sia Lord. um inglês que veio celebrar o aniversário de namoro a Lisboa e sabia que só poderia embarcar no avião de regresso a Londres com um teste, uma medida que não é de agora.
“Vamos regressar hoje e temos de fazer um teste. Estamos aqui há duas horas. Já tínhamos estado num outro sítio, mas quando chegou a nossa vez disseram-nos que já não tinham mais testes de antigénio”, criticou o jovem.
Desde o início do mês, duplicou o número de farmácias onde passou a ser possível realizar testes: “Houve um aumento bastante significativo nas últimas duas ou três semanas. Começamos com cerca de 600 farmácias e hoje já são mais de 1.300 farmácias”, revelou Ema Paulino.
Há também farmácias que reforçaram as equipas, alargaram os horários e até criaram novas infraestruturas para realizar os testes.
No entanto, a procura por testes rápidos tem levado muitas farmácias a definir um limite máximo por utente. Na farmácia de Ema Paulino, por exemplo, o máximo são cinco testes por pessoa.
“Estamos a sensibilizar a população para vir buscar à farmácia apenas o que necessita”, explicou, acrescentando que está a ser feita a reposição de stocks e se as pessoas comprarem apenas os necessários não haverá falta.
Amanhã as farmácias vão continuar a realizar testes de despistagem e existem espaços onde os farmacêuticos prometem “só fechar portas quanto todas as pessoas tiverem os resultados dos seus testes e se sentirem seguras para poder ir passar o Natal com a família”, contou a presidente da ANF.