19 Março 2023, 18:36

Exposição fotográfica «Afurada é linda» mostra a freguesia e as suas gentes através de objetos

© Pedro Verde Pinho
Susana Faria Administrator

“Um retrato da Afurada e das suas gentes”, é assim que Pedro Verde Pinho descreve o seu mais recente trabalho que deu origem a um livro e uma exposição de fotografias que pode ser visitada, até 10 de fevereiro, no Centro Interpretativo do Património da Afurada – CIPA. O fotógrafo, em início de carreira, inspirou-se nas suas raízes, na freguesia piscatória de Gaia, e criou o «Afurada é linda», um trabalho de final de curso, que, como revelou ao Mundo Atual, mostra “a Afurada, a sua heterogeneidade e as suas gentes através de objetos”.

Pedro Verde Pinho juntou “o útil ao agradável” e criou um livro e uma exposição de fotografias, denominada «Afurada é linda», que materializam o trabalho final de curso e o amor que sente pelas suas raízes, não fosse a sua mãe uma afuradense de gema.

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“Queria retratar a Afurada e as suas gentes através de objetos. Esta exposição junta a necessidade de fazer um trabalho final para o curso profissional de fotografia, do Instituto Português de Fotografia, e este tema que gosto e que me diz muito, porque faz parte daquilo que sou. Acabei por fazer também o livro, que é um extra do trabalho final”, explicou , em entrevista ao Mundo Atual.
São 12 as imagens expostas no Centro Interpretativo do Património da Afurada – CIPA, e 69 as que compõem o livro, que permitem aos visitantes ver um outro lado da freguesia piscatória de Gaia, sob o ponto de vista do fotógrafo que a quis retratar de uma forma distinta, mostrando as suas particularidades que passam, muitas vezes, despercebidas.

Autor mostra presença humana, sem mostrar pessoas

“A Afurada tem muitas particularidades, fruto da sua área geográfica. Nestas fotografias tento também mostrar a sua construção e o seu edificado, bem como a forma como as ruas são utilizadas. Os «artefactos humanos» que vamos encontrando, são todos muito diferentes e, ao mesmo tempo, muito iguais”, referiu o fotógrafo.
Ao longo de cinco meses, Pedro Verde Pinho fotografou a heterogeneidade e a inquietude da Afurada em objetos como bancos de madeira, cadeiras de metal e plástico, fogareiros, vassouras e objetos religiosos e provou que é possível mostrar de várias formas a presença humana, sem representar pessoas.

“Durante 16 sessões, entre março e julho deste ano, fotografei uma heterogeneidade que é muito homogênea. Por todas estas envolvências sociais e culturais, a Afurada acaba por ter uma identidade muito própria e única. Foi por esse motivo que atribuí o nome «Afurada é linda». Há também esta vontade de querer humanizar a Afurada sem mostrar as pessoas, mas sim os objetos que tão bem a caraterizam”, salientou o autor.
A visão do fotógrafo despertou o interesse e a curiosidade dos visitantes que o questionaram sobre uma possível alteração das imagens, pois há “uma aparente falta de realidade”, mas o autor reforça que “é tudo bem real” e fruto de um trabalho escolhido e pensado para o efeito.
“Muitas pessoas perguntam se trabalhei as imagens, no sentido de ter feito alterações às originais. Apenas construí o enquadramento, escolhi o ponto de vista, mas está tudo no seu sítio”, esclarece.

Pedro Verde Pinho trocou advocacia pela fotografia

Para o autor, fotografar é também um processo de autorreflexão e todos os seus trabalhos, até agora, têm sempre uma componente autobiográfica, “mesmo quando capto imagens de matérias que, aparentemente, não têm nada a ver comigo como, por exemplo, manifestações”, destaca.
“Há sempre uma parte autobiográfica, onde procuro ver e colocar algo meu e aquilo que são as minhas ideias, como se fosse o que está por detrás de um espelho. Acabo por fotografar aquilo que me é próximo e com que me identifico”, sublinha.
Licenciado em Economia e Política e com uma breve passagem pela advocacia, Pedro Verde Pinho mudou o rumo da sua carreira em 2019, ano em que passou a dedicar-se, exclusivamente, à fotografia e, no futuro, pretende fazer desta arte a sua vida.
O livro «Afurada é linda», que tem recebido “bastantes elogios”, está quase esgotado, havendo apenas para venda cerca de 20 exemplares de um total de 100.
A exposição pode ser visitada até 10 de fevereiro de 2022, no Centro Interpretativo do Património da Afurada, sendo que a entrada é gratuita.

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