
Lisboa, 28 abr 2022 (Lusa) — O PCP contrariou hoje a ideia do primeiro-ministro de que os eleitores aprovaram a o Orçamento do Estado de forma inequívoca, considerando que António Costa não pode dizer que “as pessoas optaram por menos poder de compra”.
No final do primeiro dia do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o deputado do PCP Bruno Dias fez uma intervenção de fundo no qual reiterou críticas ao documento estratégico apresentado pelo Governo do PS por estar “ainda mais distante das respostas necessárias aos problemas do país”.
“Diz o Governo: o PS teve maioria absoluta, vai daí o povo quer este orçamento. O Governo decide aumentar salários e pensões abaixo da inflação e vem aqui explicar-nos que é isso que faz porque é isso que as pessoas querem”, afirmou.
Precisamente no arranque deste debate, o primeiro-ministro, António Costa, tinha afirmado que a proposta do Governo do OE2022 quase foi referendada pelos eleitores nas legislativas de 30 de janeiro e foi aprovada pelos portugueses de forma inequívoca.
“O senhor primeiro-ministro pode dizer às pessoas que vão perder poder de compra porque a maioria absoluta do PS assim decide. O que não pode é dizer que as pessoas optaram por menos poder de compra”, contrapôs.
O deputado comunista condenou que “quando a inflação era baixa, não se aumentava os salários porque não era preciso” e agora que “os preços disparam, não se aumenta os salários por causa da inflação”.
Nesta fase do debate, também o Chega fez várias intervenções, a primeira das quais pelo deputado Bruno Nunes que considerou que toda a esquerda tem “responsabilidade coletiva” por ter governado nos últimos anos e ter feito “com que os portugueses tenham perdido poder de compra”.
Já Pedro Frazão, também do Chega, centrou a sua intervenção na área da Saúde, deixando críticas ao ministério liderado por Marta Temido devido aos atrasos no setor, considerando que parece que este esteve “na totalidade dedicado à covid-19”.
“Este orçamento é um exercício de reciclagem de consumíveis e uma reciclagem mal feita”, acusou.
O tema das Forças Armadas e da Defesa ficou a cargo de Pedro Pessanha, considerando que não há nada do OE2022 que seja novo para este setor e que “é preciso passar das palavras às ações”.
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