
São Tomé, 11 fev 2022 (Lusa) – O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, exonerou hoje o secretário de Estado das Obras Públicas e Ambiente, Ernestino Gomes, que se demitiu do cargo após ser denunciado pela oposição de estar a cumprir pena suspensa por falsificação de documento.
“Sob proposta do primeiro-ministro e chefe de Governo, o Presidente da República, Carlos Vila Nova, exonerou, hoje, dia 11 de fevereiro, o secretário de Estado das Obras Públicas e Ambiente, Ernestino Gomes”, lê-se no único parágrafo da nota divulgada no Facebook da Presidência da República.
Ernestino Gomes havia sido nomeado e empossado no dia 01 de fevereiro na sequência da remodelação governamental, substituindo no cargo Eugénio Vaz do Nascimento, que tinha entrado no Governo em 2020.
“Venho desta forma lhe comunicar [senhor primeiro-ministro] que, face às informações injuriosas postas a circular nas redes sociais contra a minha pessoa, decidi pelo bom nome do governo, da ação governativa e pelo bem da nação são-tomense, pedir a minha demissão do cargo, pois não existem mais condições para continuar”, lê-se na carta de Ernestino Gomes enviada ao primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, com a data de 10 de fevereiro.
O presidente do partido União MDFM/UDD, Carlos Neves, que propôs a figura de Ernestino Gomes para indicação do primeiro-ministro, considerou o pedido de demissão como uma “atitude de alguém que tem caráter – uma atitude digna”.
“Ele colocou a questão ao partido, nós em conjunto achamos bem a atitude dele avançar com o seu pedido de demissão […] nós também conversamos com o primeiro-ministro e dissemos que ele podia estar à vontade para tomar a decisão que entender”, disse Carlos Neves em declaração à Lusa.
Carlos Neves considerou que muitas informações que foram postas a circular contra Ernestino Gomes são injuriosas e lamentou a atitude do partido ADI que denunciou a situação.
“ADI fez esta denúncia, é pena que não tenha feito outras denúncias porque eu conheço bem o ADI, tanto é que eu fui um dos fundadores do ADI. Conheço bem e lamento que esteja a envergar por esta via de denúncias e práticas, esquecendo-se daquilo que passa na sua própria casa”, reagiu o Presidente da União MDFM/UDD.
Na passada segunda-feira, o partido Ação Democrática Independente (ADI, oposição) afirmou, numa reação à remodelação governamental, que Ernestino Gomes é “um indivíduo a contas com a justiça” e “que falsificou um sem número de documentos, entre eles, guias de receitas do Estado, e fora condenado a três anos de prisão”.
“Note-se que tendo sido o referido arguido condenado por sentença de 28 de dezembro de 2019 e a pena de prisão, no entanto, suspensa igualmente por 3 anos, apenas em 27 de dezembro de 2022, se verá livre, após o pagamento integral da aludida dívida”, lê-se no comunicado da ADI.
Na quinta-feira, a Presidência da República informou que o chefe do Estado, Carlos Vila Nova, “após tomar conhecimento dos factos que poderão pôr em causa a idoneidade para o exercício de uma tão nobre função como é a de secretário de Estado da República […] manifestou a sua preocupação perante estes factos e sugeriu a este [ao primeiro-ministro] que tomasse as medidas políticas que, face ao contexto, se apresentem como mais adequadas”.
No seu comunicado, a ADI considerou que a remodelação governamental, realizada na semana passada, ficou por um “vulgar preenchimento de vagas”, afirmando que as escolhas feitas mostram que o primeiro-ministro renunciou “à sua ambição primária de um novo dinamismo”, tendo reforçado o Governo “com indivíduos que tornam mais evidente a sua postura corruptiva, prosseguindo como nunca a sua senda de delapidação dos bens públicos, gerindo mal as coisas do Estado e abrindo facilmente mãos dos valores, não só democráticos, como também morais e éticos”.
“Fica, pois, claro aos olhos de todos que o país está em presença de um governo que chegou indiscutivelmente ao fim da linha, apoiado por uma coligação moribunda e já nada mais é capaz de oferecer ao povo e que deve ser removido para o bem da nação”, conclui-se no comunicado da ADI no Facebook.
Após a remodelação do executivo, Jorge Bom Jesus prometeu “uma nova dinâmica na reta final da governação”, considerando que “é preciso adaptar a governação às novas circunstâncias” e que “a valsa das saídas e entradas [no Governo] acontecem sem dramas em qualquer governação, em qualquer latitude e a qualquer momento, nem que sejam nos últimos 10 minutos do jogo”.
JYAF (MBA) //RBF
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